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Os Belard

Genealogia e história de uma família em Belard.pt

A minha investigação sobre a história da nossa família



A primeira vez que ouvi dizer que tinha uns primos espanhóis, que nunca tinha visto e dos quais não sabia nada, tinha eu 7 anos de idade. Foi a primeira vez que saí de Portugal: os meus pais tinham combinado levar-me a Sevilha na Semana Santa, e durante a viagem de automóvel a conversa foi, não sei bem como, ter aos Velardes.

A minha curiosidade infantil ficou, naturalmente, estimulada, e comecei a fazer perguntas sobre esses Velardes, perguntas que a minha mãe não me conseguia responder com profundidade.

Só quando levantei o assunto com o meu avô a informação começou a chegar. O meu avô contou-me a lenda do Sancho Velarde e da sierpe, mostrou-me o brasão dos Velardes em cuja bordadura consta essa lenda, e foi buscar alguns papéis de família com vários apontamentos genealógicos e cheios de nomes de pessoas que não me diziam nada.

Mais tarde, já adolescente, durante as férias que passava sempre em Beja, em casa dos meus avós, é que comecei verdadeiramente a estudar esses papéis e apontamentos e a tomar as minhas próprias notas sobre a nossa genealogia. O artigo do Dr. Carlos Lobo de Oliveira publicado no "Arquivo de Beja" [1], uma das primeiras coisas que o meu avô me mostrou, foi durante muito tempo a minha Bíblia e a fonte principal — e fascinante — de informação sobre a família. Hoje reconheço-lhe várias lacunas e algumas incorrecções, mas ainda assim recorro a esse artigo com alguma frequência, para refrescar a memória...

Os três volumes da "Nobreza de Portugal" [2], pelo seu lado, tinham (no terceiro volume, com um pequeno aditamento bem escondido no final...) o essencial das informações sobre o Visconde de Santa Margarida, o General António Joaquim Gomes da Fonseca, meu trisavô. Tenho ao longo da vida consultado frequentemente estes livros, sempre que necessito informações sobre titulares ou mesmo sobre alguns reinados, e isto desde sempre, porque a "Nobreza de Portugal" existia tanto em casa do meu avô como na dos meus pais, e depois na minha.

E, evidentemente, muitas vezes a conversa com o meu avô, ao serão, ia ter a coisas e histórias de família. Tomei muitos apontamentos dessas informações, e ainda hoje a memória me permite recuperar alguns pormenores, mas tenho pena de não ter aproveitado mais essas conversas... O meu avô, contudo, dizia-me sempre que quem sabia muito sobre a família era o irmão dele, o meu tio-avô Chico, que toda a vida se tinha dedicado a essas pesquisas e investigações.

No Verão de 1976, a minha mãe levou-me numa excursão pelo Norte de Espanha. O percurso da viagem organizada passava muito perto de Santillana del Mar, de onde os Velardes são originários; e a minha mãe, com um enorme sentido de oportunidade, conseguiu convencer o guia a fazer um pequeno desvio no percurso e deixar-nos à entrada de Santillana enquanto o grupo ia visitar as Grutas de Altamira, que ficam a 2 Km. Perdi a oportunidade de visitar as Grutas, que no ano seguinte, em 1977, fecharam ao público; mas fiquei a conhecer essa maravilha medievo-seicentista que é Santillana del Mar.

Passámos umas horas passeando pelas ruas irregularmente empedradas, admirando casas brasonadas, pormenores e recantos que faziam viajar para muitos séculos atrás, e chegámos — porque íamos precisamente à sua procura — ao chamado Palácio dos Velardes, uma jóia quinhentista numa das extremidades de Santillana e um dos seus pontos principais, abundantemente fotografado, junto à românica Colegiata de Santa Juliana.

É uma casa um pouco estranha e invulgar, de origens muito antigas e que sofreu visivelmente bastantes alterações ao longo dos séculos. Como a família, de resto...


O autor deste site, Luís Belard da Fonseca, em frente ao Palácio dos Velardes em Santillana del Mar, em Setembro de 1976


Mais do que papéis e histórias, o Palácio dos Velardes (embora nós não sejamos descendentes do ramo dos Velardes que o construiu e nele habitou) deu-me um sentido de pertença a uma linhagem e uma tradição, e fixou definitivamente o meu interesse nestas coisas de família.

Por esta altura, por um acaso do destino, uma prima afastada, que era amiga da minha avó Luciana, soube por ela do meu interesse nas coisas antigas de família e decidiu dar-me um lote de fotografias de finais do século XIX, entre as quais algumas dos Viscondes de Santa Margarida, meus trisavós. Isso levou a minha avó a dar-me também muitas fotografias antigas do lado dela da família (os Mello Garrido), e todas estas constituem o núcleo central da minha colecção de fotografias de família, muitas das quais tenho digitalizado e disponibilizado neste site e no da Família Mello Garrido.

Um pouco mais tarde o meu avô levou-me a casa do primo António Belard da Fonseca Rodrigues, que vivia no Monte Estoril, com o objectivo de fotografar uns retratos antigos que ele tinha e que eram únicos, segundo o meu avô. Tratava-se do par de grandes fotografias, coloridas à mão, de D. Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard) e de D. Mariana Urbana de Senna Freitas, sua 1ª mulher, que eu nunca vira e achei fascinantes. Mas a amabilidade do primo António e de sua mulher permitiu-me nesse dia fotografar muitos outros retratos antigos, de alguns familiares de que eu só conhecia o nome e de outros de quem ainda não tinha qualquer registo. Isso mostrou-me duas outras coisas: por um lado, a importância de poder atribuir um rosto a cada nome que tinha nas árvores genealógicas; mas também que, para efeitos documentais, não era preciso possuir as fotografias originais — uma boa reprodução cumpria o mesmo objectivo. O primo António era também um grande conhecedor da história da nossa família e contava pormenores fascinantes; tenho muita pena de ter falado tão pouco com ele. Certamente saberia hoje muito mais sobre a família do que sei.

Pouco tempo depois cometi o erro de emprestar os negativos dessas fotografias a uma outra prima e nunca mais os vi... As reproduções que tenho usado neste site são digitalizações das cópias impressas em papel que na altura fiz dessas fotografias, tiradas por mim há mais de 40 anos, com a possível correcção de cor e nitidez. Felizmente, um dos netos do primo António, o Manuel Belard da Fonseca Bessa, é como eu um apaixonado pela história da família e tem fotografado (já com todas as potencialidades e qualidade digitais) os retratos antigos que o seu ramo da família ainda possui, o que tem sido uma fonte de imagens notáveis e de descobertas interessantíssimas.

Em 1978, inesperadamente, a minha curiosidade genealógica teve um incentivo imprevisto: o meu tio-avô Chico faleceu e muitos dos papéis genealógicos dele foram entregues pela viúva ao meu avô.

Entre esses papéis e fotografias antigas vinha um livro, maior que A4 e com uns três dedos de lombada, chamado, tanto quanto me lembro, "Árvore de Costado de Francisco de Assis de Menezes Belard da Fonseca"; e nesse volumoso livro, escrito à mão sobre folhas impressas com o formato de árvores genealógicas, e com recortes de jornais, fotografias e apontamentos no verso de algumas das folhas, vinham todas as informações que eu sonhara ter sobre a família e muitas mais.


As folhas da Árvore de Costado do tio Chico


Estávamos ainda longe do tempo dos computadores e scanners domésticos, e as fotocópias eram caras... aquilo que eu podia fazer, e comecei laboriosamente a fazer durante aqueles serões de férias, era copiar à mão todas aquelas folhas recheadas de preciosas informações.

Ainda copiei algumas folhas; mas podia (e devia) ter copiado muitas mais, se não tivesse pensado ter todo o tempo do mundo para o fazer. Em 1984 morreu subitamente o meu avô, e na sequência de um grave conflito familiar (despoletado, em parte, pelas partilhas) perdi o acesso à Árvore de Costado e às fotografias antigas da colecção do tio Chico. Passaram quase quarenta anos e ainda não consegui voltar sequer a ver aquele livro precioso.

Tive, por isso, que refazer ao longo de todos estes anos muito do trabalho que o tio Chico tinha levado a cabo ao longo de toda a vida. As novas tecnologias informáticas e a Internet facilitaram-me em parte o trabalho, porque consegui avançar na investigação dos Registos Paroquiais em áreas onde o tio Chico não conseguiu chegar; mas tenho noção de que, noutras áreas, estou muito longe de tudo o que ele investigou e descobriu, particularmente em relação aos ramos colaterais. Por outro lado, tenho a vantagem de em 2011 ter sido publicado o livro "Genealogias de São Tomé e Príncipe - Subsídios", do Dr. Jorge Forjaz, um trabalho gigantesco de recolha de informações, nomes e datas, que me possibilitou incluir neste site praticamente todos os descendentes de D. Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard). Ainda assim, suspeito que na Árvore de Costado do tio Chico estão registadas muitas pessoas e informações de que nem eu nem o Dr. Jorge Forjaz alguma vez tivemos conhecimento...

Ainda não desisti de copiar finalmente toda a Árvore de Costado do tio Chico e, principalmente, digitalizar as fotografias antigas que ele tinha. Um dia, quem sabe?


A Árvore de Costado do tio Chico é este grande livro na secretária do meu avô, que eu fotografei em 1980.
O pequeno álbum em cima da pilha continha umas dezenas de fotografias de família, em formato carte de visite, todas do século XIX


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[1] Carlos Lobo de Oliveira, "Subsídios para um Tombo Genealógico da Província do Baixo Alentejo", in Arquivo de Beja, vol. I, fasc. IV, Beja, 1944, pgs. 365-378

[2] Afonso Eduardo Martins Zúquete (dir.), "Nobreza de Portugal", Lisboa, Editorial Enciclopédia, Lda., 1960-1961 (especificamente o vol. III, pgs. 296-297 e 758)



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