Genealogia e história de uma família em Belard.pt
Nome | Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard) | |
Prefixo | D. | |
Parentesco | com essa pessoa | |
Nascimento | 1823 | Catedral Velha, Cádiz, Espanha |
Sexo | M. | |
Condecorações | 18/12/1867 | |
Cavaleiro da Ordem de Cristo (Diário de Lisboa nº 129, de 08/06/1868) | ||
Dados Biográficos | D. Francisco de Assis Velarde y Romero foi muito novo para S. Tomé e Príncipe (por volta de 1841-43?), segundo tradição familiar por razões políticas, provavelmente no quadro da guerra Carlista que agitou a Espanha no segundo quartel do século XIX e da repressão durante as regências que se lhe seguiram [1]. Desde essa altura, e possivelmente pelas mesmas razões, passou a assinar "Belard" em vez de "Velarde", embora esta questão permaneça em aberto (v. neste site A origem do apelido Belard). Ainda segundo a tradição familiar, D. Francisco terá ido de Cádiz primeiro para Cabo Verde, provavelmente via Lisboa. Para mim, o destino lógico para um espanhol que pretendia emigrar seria, na época, a América Latina, pelo que suponho que fosse esse o destino dele quando deixou Cádiz, e uma paragem em Cabo Verde não me parece logisticamente improvável; e como a sua primeira mulher, D. Mariana de Senna Freitas, era natural precisamente da Ilha Brava, em Cabo Verde, admito que se tenham conhecido aí. Parece-me mais lógico, também, que se tenham casado em Cabo Verde e não na Ilha do Príncipe, para onde devem ter ido já casados, mas faltam-me provas documentais para o confirmar. Em S. Tomé começou uma fulgurante carreira comercial e agrícola, primeiro como agente da Companhia União Mercantil (de João Maria de Sousa e Almeida, barão de Água Izé), proprietária do primeiro navio a vapor que aportou a São Tomé, o "D. Estefânia", agência de que saiu em 1860 [2], por a Companhia ter sido vendida a José Maria de Freitas, dedicando-se depois ao comércio por grosso de secos e molhados, com diversas lojas na cidade (Rua General Calheiros, Rua de Goês e Rua de Soares), na Trindade (Cima Cola) e em Santana. A partir de 1855 lançou os fundamentos da grande roça Santa Margarida, constituída por 4 dependências - Santa Margarida, Pedra Maria e S. José, na Madalena, e Maianço, em Santo Amaro, com uma área total cultivada de 810 hectares (v. neste site São Tomé e Príncipe e a Roça Santa Margarida). É considerado um dos quatro introdutores da moderna (à época) agricultura em S. Tomé e Príncipe, juntamente com João Maria de Sousa e Almeida (o já referido e famoso barão de Água-Izé), Manuel José da Costa Pedreira e José Maria de Freitas. No livro "Cocoa and chocolate, 1765-1914", de W. G. Clarence-Smith, 2000, o nome de D. Francisco Velarde é mesmo o único a que é dado destaque neste período, nos termos que transcrevo: "Most traders on São Tomé island in 1872 had Portuguese names, and appear to have been mainly immigrants from Portugal, together with some 'sons of the land'. However, one of the foremost merchant-planters was a Spaniard, Francisco de Asis Belard (Velarde), who later drew the Spanish Mantero family to the colony." De facto, em 1869 D. Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard) chamou para junto de si, com o objectivo de o ajudar nos negócios, o sobrinho D. Francisco de Assis Diego José Maria del Rosário Mantero y Velarde (1853-1928), então com 16 anos, filho de sua irmã D. Joaquina Maria Josefa Ignacia de la Santisima Trinidad Velarde y Romero. D. Francisco Mantero começou por se dedicar ao comércio, mas rapidamente se associou ao tio na exploração da roça Santa Margarida, o que foi o início de uma próspera carreira. Mais tarde, D. Francisco Mantero veio mesmo a casar com a sua prima D. Maria Amélia Muller Belard (1870-1952), filha do 2º casamento do seu tio D. Francisco da Assis Belard, que assim se tornou seu sogro para além de seu tio. D. Francisco de Assis Belard foi vice-cônsul de Espanha em São Tomé, membro da direcção da Sociedade Recreativa Perseverança, fundada em 1862, e grande benemérito da província. Foi naturalizado cidadão português, por Despacho de 10/03/1892 (Diário do Governo nº 57, de 12/03/1892), uma semana antes da sua morte. A respectiva Carta só foi passada a 30/3/1892, quando já tinha falecido. Morou em Lisboa na Travessa do Pombal [3], nº 51, e na Quinta dos Marechais, ao Alto da Boa Vista, em Benfica, quinta que comprou e onde faleceu. Há um pequeno verbete sobre ele na "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", que se reproduz aqui: "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", vol. 4, pg. 459 (c. 1940) Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade repetem e desenvolvem um pouco esta referência: "As Roças de São Tomé e Príncipe", Lisboa, Tinta-da-China, 2013, pg. 27 ____________________ [1] Uma dezena de anos antes tinha sucedido o mesmo ao pai do General António Joaquim Gomes da Fonseca, João Silvestre da Fonseca: combatente liberal, a subida ao trono português de D. Miguel em 1828 levou-o a exilar-se entre 1832 e 1834 em Espanha, mais concretamente em Cabezas Rubias, perto de Huelva, onde nasceu precisamente o seu filho António, que viria a ser genro de D. Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard). Sendo o General Fonseca de uma família liberal, suponho que o sogro também o fosse; na época, estas opções políticas opunham violentamente as pessoas, e não acredito que D. Francisco de Assis Belard tivesse dado a filha em casamento ao então Tenente Fonseca se não estivesse em sintonia política com este. [2] Ainda em Novembro de 1858 era agente da Companhia União Mercantil. V. Jorge Forjaz, "Genealogias de São Tomé e Príncipe - Subsídios", pg. 381, nota 8 [3] A Travessa do Pombal tinha este nome por aí ter morado o 3º Marquês de Pombal, segundo documentos de 1785 e 1804. Em 1880, a Câmara Municipal de Lisboa, sendo seu Presidente Rosa Araújo, decidiu homenagear o Marquês de Pombal (o 1º...) pela criação, em 1768, da Impressão Régia, hoje Imprensa Nacional, pelo que o Edital municipal de 29/12/1880 renomeou a Travessa do Pombal em Rua da Imprensa Nacional, nome que mantém até hoje. | |
Nota | Refira-se que, no nome de D. Francisco de Assis Velarde y Romero, "Romero" era o apelido da mãe, que os espanhóis usam ainda hoje em último lugar, embora aos filhos transmitam, como nós, o apelido paterno. O pai dele, por exemplo, era "Velarde y Barcia". Daí que, aos filhos, D. Francisco não transmitiu o apelido Romero, mas Velarde, já na forma que usava desde que foi para São Tomé - "Belard". | |
Óbito | 19/03/1892 | Quinta dos Marechais, Lisboa (Benfica) |
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Inumação | 23/03/1897 | Jazigo Belard, nº 3865 - Cemitério dos Prazeres, Lisboa (Estrela), Portugal [1] |
ID da pessoa | I028 | Belard | Velarde |
Última alteração | 01/05/2022 |
Pai | D. Francisco Servando Velarde y Barcia, nasc. 23/10/1766, Puerto Real, Cádiz, Espanha | |
Mãe | D. Margarita Romero | |
Casamento | Igreja de Puerto Real, Cádiz, Espanha | |
ID da Família | F236 | Ficha familiar | Diagrama familiar |
Família 1 | D. Mariana Urbana de Senna Freitas, nasc. 03/06/1828, São João Baptista (hoje Nova Sintra), Ilha Brava, Cabo Verde fal. ant. 1865, São Tomé (Idade < 36 anos) | |||||
Casamento | c. 1845 | Ilha do Príncipe | ||||
Tipo: Católico | ||||||
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Idade com que casaram | Francisco de Assis tinha c. 22 anos , Mariana Urbana tinha c. 16 anos e 6 meses. (≠ 5 anos e 6 meses - Estiveram casados c. menos de -1845 anos). | |||||
Filhos |
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ID da Família | F17 | Ficha familiar | Diagrama familiar | ||||
Última alteração | 03/01/2023 |
Casamento | Não casaram | |||
Filhos |
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ID da Família | F89 | Ficha familiar | Diagrama familiar | ||
Última alteração | 28/10/2020 |
Família 3 | D. Amélia Muller, nasc. 06/02/1847, Lisboa (Santa Catarina) fal. 19/02/1921, Lisboa (Idade 74 anos) | |||||||||||||
Casamento | 07/02/1870 | Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, Lisboa (Conceição Nova) | ||||||||||||
Tipo: Católico | ||||||||||||||
Idade com que casaram | Francisco de Assis tinha c. 47 anos e 2 meses , Amélia tinha 23 anos. (≠ 24 anos e 2 meses - Estiveram casados 22 anos e 1 mês). | |||||||||||||
Filhos |
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Documentos | 07/02/1870 - Assento do 2º Casamento de D. Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard) com D. Amélia Muller - Lisboa, Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, Lisboa (Conceição Nova) | |||||||||||||
ID da Família | F30 | Ficha familiar | Diagrama familiar | ||||||||||||
Última alteração | 13/05/2022 |
Mapa de Eventos |
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Legenda de Pin | : Endereço : Freguesia/Povoação : Vila/Cidade : Concelho/Província : Estado : País : Não Definido |
Fotografias | D. Francisco de Assis Velarde y Romero, c. 1855 | |
D. Francisco de Assis Velarde y Romero, c. 1855 (pormenor) | ||
D. Francisco de Assis Velarde y Romero (Belard), c. 1870 In Francisco Mantero, "A mão d'obra em S. Thomé e Principe", Lisboa, ed. Autor, 1910 | ||
A Quinta dos Marechais em Benfica, Lisboa A Quinta dos Marechais, comprada por D. Francisco de Assis Velarde e Romero (Belard), onde este morou depois de vir de São Tomé e onde acabou por falecer. Fotografia de "O Século", de 1935, quando iria começar a construção de um bairro operário nos terrenos da Quinta |
Documentos | 19-03-1892 - Assento de Óbito de D. Francisco de Assis Velarde e Romero (Belard) - Lisboa (Benfica) |
Fontes |
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